Última alteração: 2019-10-14
Resumo
A coleção musealizada “Oitocentos Brasileiro”, exposta e pertencente ao Instituto Ricardo Brennand, representa simbolicamente muitas memórias e personagens. Contudo, nos interessa uma parcela do conjunto originalmente amealhado pelo colecionador pretérito Henry Joseph Lynch (1878-1958), que compôs sua Brasiliana, objeto a objeto. Esse conjunto representa muito mais do que um “autorretrato” ou aspectos da imagem de um aristocrata anglo-brasileiro. Possui valor socialmente representativo enquanto reprodução de uma visão específica de Brasil, em uma época determinada, onde as ideias de nacionalidade se formavam e ganhavam corpo. Há um potencial discursivo na coleção Brasiliana constituída por Lynch enquanto narrativa legitimadora de uma certa concepção de nação. Utilizamos como suporte documental a própria coleção, matérias de jornal, aporte bibliográfico sobre patrimônio brasileiro e a legislação brasileira a esse respeito. O intuito é apresentar uma breve contextualização da noção de patrimônio, com especial foco às mudanças que começavam a ocorrer no final do século XIX e primeira metade do século XX no Brasil, objetivando inserir o discurso e as ideias de Lynch nesse contexto, buscando compreender, dessa maneira, aspectos de sua forma de olhar o Brasil.