Última alteração: 2019-12-20
Resumo
A inserção de mulheres no mercado de trabalho é uma conquista na sociedade contemporânea. Apesar dos avanços, a disparidade salarial e a sub-representação feminina em cargos mais elevados, caracterizam-se como fenômenos decorrentes de estereótipos de gênero. À vista do exposto e fundamentando-se na literatura indicativa de que as mulheres podem se mostrar resilientes ou vulneráveis, o que reflete diretamente em sua autoavaliação (Hoyt, Johnson, Murphy & Skinnell, 2010; Hoyt & Murphy, 2016), desenvolve-se este estudo a partir do seguinte questionamento: qual a percepção das servidoras de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), em posição de liderança, frente à estereótipos negativos de gênero?. Com base em um levantamento realizado com 33 servidoras, os achados indicam que 51,5% das mulheres pesquisadas já se sentiram vítimas de estereótipos prescritivos de gênero em detrimento da atual função de liderança; entretanto, ter sido alvo de preconceitos não afetou a autoavaliação quanto seu desempenho como líder. Caso fossem julgadas com base em estereótipos, 60,6% das respondentes mencionaram que se sentiriam pessoalmente afetadas. Assimetricamente, quando questionadas sobre sua predileção quanto ao perfil da equipe para liderar, observou-se, em alguns relatos, a disseminação de estereótipos de gênero. Os achados confirmam que estereótipos negativos de gênero são transmitidos (in)conscientemente nas relações sociais, por isso, são facilmente reproduzidos; porém, a desconstrução de paradigmas que condicionam o comportamento de inúmeros indivíduos, em particular, no caso da liderança feminina, é indispensável, haja visto que normalmente a capacidade de mulheres exercer papel “agencial” de liderar é questionada.